Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/382

Wikisource, a biblioteca livre

voz, deu ainda alguns passos para diante. Rabelo mandou distribuir cartuchos e carregar. Então a multidão fez alto a respeitosa distancia.

Que querem, bandidos? Perguntou fora de se Cosme Bezerra, mal podendo suster as rédeas ao cavalo, pela cólera que o tomava. Bandido sois vós — respondeu Jeronimo Paes.

— A esta voz, Cosme pôs as pernas ao cavalo, cravou-lhe as esporas com movimento nervoso e atirou-se para a frente da multidão. Quando parou a três passos de Jeronimo Paes, trinta bacamartes tinham as bocas voltadas para ele. A seu lado tinham arrancado como arrastados no ímpeto vertiginoso da sua carreira, Diogo Maciel à esquerda, Filipe Cavalcanti e Luiz Vidal à direita, e atrás deles cerca de dez ordenanças bisonhas, mas animosas.

Podeis assassinar-me — disse Cosme. É o mais que podeis fazer, porque é só o que sabeis, miseráveis. Mas ainda que corra perigo a minha vida, como se me achasse diante de feras bravias, nem por isso hei de deixar passar sem oposição a vossa rebeldia. Quem fala em rebeldia! disse Jeronimo.