Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/39

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mesmo dizia, e pondo carvões abrasados na rede onde dormia um irmão menor que veio a morrer desta e de outras malindades, ficou depois da morte dela ao desamparo. Tantas tinha feito, que não houve aqui alma caridosa que não temesse te-lo perto de si. O mais compadecido de todos os moradores, a velha Aninha, recolheu-o um dia em sua palhoça. Pelo correr da noite acordou debaixo de labaredas. Lourenço tinha posto fogo na casa da velha. Desde então todos fogem dele, até o vigário que ao principio foi muito por ele e lhe deu de comer e de vestir. Lourenço vive agora vagando pelas ruas judiando com os animais, furtando e roubando, como vocês acabam de ver.

— Este menino só enforcado pagará o mal que tem feito — disse Damião.

— Pois se ninguém o quer, levo-o eu comigo. Faço esta obra de caridade, e fico bem satisfeito com isso, porque ele suprirá a falta que tenho de um filho para me ajudar. Queres ir comigo, Lourenço? Perguntou Francisco ao rapazito.

— Não vou com ninguém. Não sairei daqui.

— Hás de ir.