Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/45

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Francisco cortou madeiras, aparelhou-as e arrumou a casa ao pé do cajueiro. Havia barro perto. As palmeiras mais formosas daquela zona estavam agitando suas longas folhas verde-negras na espessura vizinha. Enfim, em menos de uma semana, aqueles que, de passagem para o Recife, tinham visto a casa apenas envarada ou encaibrada, vinham encontra-la agora fechada e coberta; e os que, tendo passado por ali antes destes últimos, voltavam ao mesmo tempo que eles da capital, ficavam admirados e satisfeitos de verem uma habitação nova e risonha, onde quinze dias atrás tinham deixado a solidão e o mato fechado.

Esta novidade era obra das mãos abençoadas de Francisco, homem de trabalho e paciência.

Forte de constituição física; ajudado, senão animado, pela energia de seu espirito; afeito desde os mais verdes anos a ganhar pela força de vontade, que era o seu primeiro dote natural, a vida honesta, os dias suados mas tranqüilos, as noites sem remorso, o sono solto e largo, estava o matuto habilitado a levar efeito prodígios semelhantes, e outros ainda maiores e mais admiráveis.