Página:O missionário.djvu/54

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o apito do vapor, ardentemente esperado.

Era ainda muito cedo. Macário deteve-se à porta, olhos na rua, desejando avistar um amigo, um vizinho, uma criatura qualquer com quem desabafasse a extraordinária emoção da hora, até ali nunca esperada, de ser o diretor da recepção, o organizador da festa, a fonte de informações, o único homem da vila que entretinha relações com S. Rev.ma, a quem S. Rev.ma escrevia.

A rua estava deserta e as casas fechadas. Macário, passeando a sapata de pedras desiguais, esburacada e velha, não podia expandira agitação intestina que lhe escaldava o sangue e bulia com os nervos; só oferecia derivativo à atividade a que se entregava a passos incertos, ziguezagueando às vezes como um ébrio, dando topadas que lhe irritavam os calos e despelavam o bezerro novo das botinas de rangedeira.

O sol subia lentamente no azul esbranquiçado do céu, banhando a frente das casas