Página:O missionário.djvu/58

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que ousara esperar, ia dar conselho a S.Rev.</nowiki>ma, arranjar-lhe a vida, guiá-lo, mandar, enfim no senhor vigário.

Chegando a essas alturas, vinham-lhe vertigens. Uma ambição desenfreada apoderava-se do seu cérebro, dementando-o. Tinha um ardente desejo de conhecer o digno mortal, o benemérito habitante da cidade de Belém que revelara o seu, até ali, obscuro nome ao ilustre pároco de Silves. Não era tão obscuro como supunha a sua modéstia, espezinhada pelo defunto padre José. Conheciam-no, sabiam-lhe o nome na grande capital do Grão-Pará! Podia pretender tudo.

Mas, por um retorno brusco, recordava-se do nada donde saíra, e enternecia-se, nascia-lhe uma gratidão profunda para com o amigo desconhecido e esse ilustre padre Antônio que o vinha arrancar-lhe ao aviltamento, para lhe matar, duma vez, a sede de consideração pública, de respeito, de aplausos que consumia a sua vida miserável de sacristão de aldeia.