manifestara por beijos ardentes de amor e de volúpia.
Ele deixou-a chorar. Um ressentimento lhe vinha contra aquela rapariga que o havia seduzido e arrastado ao precipício, em cujo fundo se revolvia num leito de espinhos e de lama; um ressentimento que não podia deixar de considerar injusto, mas que por isso mesmo mais o irritava, gelando-lhe o coração. Sentia uma repugnância súbita daqueles deleites que tanto o haviam subjugado, e ora lhe pareciam sem atração e sem calor. Como se uma névoa lhe tivesse caído dos olhos, percebia que o prazer físico daquele amor de mameluca não lhe bastava para encher o vácuo do coração, donde arrancara a confiança no futuro.
Chegou a manhã sem que tivesse conciliado o sono, excitado ainda mais contra a Clarinha que adormecera afinal, cedendo às exigências da natureza, como se lhe tivessem bastado aquelas poucas lágrimas que vertera para a justificar do crime cometido.