o velho cálice de prata dourada, oxidada e gasta, arrepiara-se todo de repugnância e nojo, pensando descobrir em que lugar colaria os lábios, que já não tivesse sido mil vezes babujado por uma série de padres velhos sifilíticos e escorbúticos. Não tinha a caridade extrema e inútil de S. Francisco Xavier no hospital de Veneza. Era necessário cuidar, desde já, em mandar vir do Pará um cálice novo para o seu uso particular.
O presidente da Câmara, alferes Neves Barriga, oferecera-lhe de almoçar, uma refeição simples mas abundante, que o seu estômago, acostumado à magra pitança do seminário, achara excelente. O almoço fora dado na casa da Câmara, porque o Neves não tinha casa na vila e estava de hóspede duma parenta pobre. Comera padre Antônio com bom apetite, para mostrar que não era de cerimônia. A senhora D. Eulália ficara encantada. Não cabia em si de contente pela honra que lhe fazia o senhor vigário, comendo o seu tucumaré