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Página:O precursor do abolicionismo no Brasil.pdf/206

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SUD MENNUCCI

grandes abolicionistas dessa consagração, que ele concedeu até a quem nada tinha que ver com o caso? Ou essa restrição tão exclusivista foi feita pensada e propositadamente para evitar que Gama figurasse á entrada de uma das rias mais volumosas, uma vez que o baiano não poderia servir de escudeiro num prélio em que fôra cavaleiro audaz e da primeira linha?

A Questão Juridica” retro citada, com o episódio que Gama narra, sem rebuços, sem meias palavras, os comentarios finais de que o lardea, desvendam o pretenso enigma: havia malquerença velha, provocada, sem dúvida, pelas glosas do baiano á anedota veridica contada no trabalho. Gama conhecia a passagem, como relata, desde 1853 ou 54, isto é, desde o tempo em que era ordenança do conselheiro Furtado de Mendonça. E foi em virtude de ocupar esse cargo que pôde ler, sobre a mesa do chefe de policia da Capital, e pode copiar, o aviso-confidencial do Ministro da Justiça do Império, insinuando a solução dada posteriormente á libertação dos dois negros boçais, recolhidos ao Jardim Botânico. Naturalmente, Gama não se limitou a tomar os preciosos apontamentos para guardá-los. Comentou-os mais de uma vez, quem sabe se até durante a permanencia de Nabuco em nossa terra.

Vem daí a má-vontade. Nabuco, não podendo negar a obra do baiano ilustre, porque grande e notavel demais para ser obumbrada, fez-lhe em volta a conspiração do silêncio. E mesmo vinte e quatro anos depois do passamento de Luiz Gama, o diplomata pernambucano não pode