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Página:O precursor do abolicionismo no Brasil.pdf/254

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SUD MENNUCCI

Enfim, é possível... Mas que a esposa de Gama fosse francesa, de origem, isso não é verdade. Chamava-se, como vimos, Claudina Fortunata Sampaio, cria que fóra da familia Arruda Sampaio, de Campinas. Pele queimada e rosto tipicamente africano, como se vê no clichê que este volume apresenta.

Os dois filhos, tambem precisam ficar de quarentena, principalmente o de olhos azues. Só se conheceu um, que deixou certa nomeada, Benedito Graco Pinto da Gama, major de artilharia do Exercito e comandante do Corpo de Bombeiros de São Paulo, ainda em 1904.

Está me parecendo que Silveira Bueno se equivocou com algum outro advogado preto, contemporaneo de Gama. Digo isto, porque conheço pessoalmente Silveira Bueno e sei de sua irrestrita probidade literaria. Ele joga no relato com um fator ponderavel, que são as informações transmitidas oralmente por membro de sua própria familia. Não deve haver lapso de mémoria quanto ás circunstancias apontadas. O fenomeno deve ser de transferencia de pessoa. Tratar-se-á de Fernandes Coelho, tambem causídico, tambem notavel, o mesmo que sendo o advogado da acusação no celebre processo em que Gama “via tudo preto”, ajudou a tornar a pilheria famosa? [1] E’ o que parece mais provavel.

  1. V. «Brasil Anedótico» de H. Campos, pag. 130.