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Página:O precursor do abolicionismo no Brasil.pdf/256

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SUD MENNUCCI

tempo, uma de suas denunciantes, colocando-a nas garras de um crudelissimo dilema: ou trair a sua gente, em beneficio da raça odiada dos brancos, ou perder o filho, que Angelo Ferraz, o celebre promotor, depois barão de Uruguaiana, havia feito recolher á sua casa. O amor materno vence e Luiza Mahin descobre a trama, já a ponto de estourar, mas a tempo de ser sufocada.

Depois, no “Epilogo” mostra o mesmo Angelo Ferraz, conselheiro do Imperio, recebendo a Luiz Gama no seu gabinete de Ministro da Guerra, e explicando-lhe que sempre lhe acompanhara os passos, amparando-o, protegendo-o em sigilo e em silêncio.

E, por ultimo, em a “Nota”, do fim do livro, tenta justificar que “não é sem um motivo plausivel que Luiza Mahin e o filho aparecem na cêna historica da inconfidencia” frase vaga, de sabor sibilino, que faz desconfiar de que Pedro Calmon sabe de mais cousas...

Embora romance — portanto, com o direito de levar um pouco longe a verosimilhança do enredo — ainda assim poderia induzir a erro, quando não parece haver o menor fundamento histórico para o caso. Se Gama não negou a adesão dos pais á Sabinada, porque ocultaria a participação de Luiza na revolta negra de 1835?

No mesmo estudo de 1930, acima referido, Pedro Calmon comete duas pequena falhas: uma quando sustenta que a primeira edição das “Trovas” é de 1861, e nós vimos que é de 1859, sendo a outra data a da segunda edição.