Desde que fiz-me soldado, comecei a ser homem; porque até os 10 anos fui criança; dos 10 aos 18, fui soldado.
Fiz versos; escrevi para muitos jornais; colaborei em outros literários e políticos, e redigi alguns.
Agora chego ao periodo em que, meu caro Lucio, nos encontramos no “Ipiranga”, á rua do Carmo, tu, como tipógrafo, poeta, tradutor e folhetinista principiante; eu, como simples aprendiz-compositor, de onde saí para o fôro e para a tribuna, onde ganho o pão para mim e para os meus, que são todos os pobres, todos os infelizes; e para os miseros escravos, que, em numero superior a 500, tenho arrancado ás garras do crime.
Eis o que te posso dizer, ás pressas, sem importancia e sem valor; menos para ti, que me estimas deveras.
Teu Luiz”.
EXAME E DISCUSSÃO DA CARTA
Escrita aos cincoenta anos de idade, sabendo que se destinava á publicidade, essa Carta não pode deixar de ser aceita como um documento exato e verídico, que deve fazer fé em nosso espírito.
Entretanto, uma preocupação confessada pelo auto-biografista, a de esconder o nome paterno, cria pontos obscuros nos tópicos referentes aos seus dez primeiros anos, vividos na Baía, e transforma a carta em documento