Vingativa... Não ha conhecimento de ato seu, nesse particular, mas o depoimento do filho teria suas razões para afirmar a qualidade materna.
Gama sentiu-lhe a saudade a vida inteira. Relembrando-a, nessa carta de 1880, conta que por bem quatro vezes, em epocas diferentes, tentou rehavê-la. Era, naturalmente, a secreta ânsia de trazê-la para junto de si. E só se rendeu á evidência quando lhe provaram que a pobre mulher desaparecera sem deixar rastro.
Brotou-lhe daí a poesia “Minha Mãi”, escrita em Caçapava, neste Estado, em 1861,[1] composição em que Gama, abusando do direito que lhe concedia a licença poética, fantasiou a progenitora em desacordo com o que escreveria em 1880. Disse, para começar:
«Era mui bela e formosa,
era a mais linda pretinha,
da adusta Libia rainha,
E no Brasil, pobre escrava!»
Escritores nossos, baseados nessa quadra, afirmam que Luiza Mahin fôra “princesa” na Africa. Não era muito dificil ocupar esse posto, entre as tribus negras que formavam reinos efêmeros ás duzias. Mas não creio que Gama quizesse realmente aludir a essa qualidade materna, nos seus versos. Parece-me que foi um recurso poético, apenas, para mostrar a diferença fundamental entre a antiga posição de livre e a de agora, reduzida a cativeiro.
- ↑ Veja pag. 7.