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O Que Nós Veremos

mais pesado. Fiquei, então, certo de que Julio Verne era um grande romancista...

Estava eu em Paris quando, na vespera de partir para o Brasil, fui, com meu pae, visitar uma exposição de machinas no desapparecido "Palacio da Industria". Qual não foi o meu espanto quando vi, pela primeira vez, um motor à petroleo, da força de um cavallo, muito compacto, e leve, em comparação aos que eu conhesia, e... funcionando! Parei diante delle como que pregado pelo Destino. Estava completamente fascinado. Meu pae, distrahido, continuou a andar até que, depois de alguns passos, dando pela minha falta, voltou, perguntou-me o que havia. Contei-lhe a minha admiração de ver funcionar aquelle motor, e elle me respondeu: "por hoje basta". Aproveitando-me dessas palavras, pedi-lhe licença para fazer meus estudos em Paris. Continuamos o passeio, e meu pae, como distrahido, não me respondeu. Nessa mesma noite, no jantar de despedida, reunida a familia, entre nós, dois primos de meu pae, franceses e seus antigos companheiros de escola, pediu-lhes elle que me protegessem, pois pretendia

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