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O Que Eu Vi

perava descer em uma rua, quando ouço um grande estrondo, grande como o de um tiro de canhão; era a ponta do balão que, na descida, que foi rapida, tocára o telhado de uma casa.

Um sacco de papel cheio de ar, batido de encontro a uma parede, arrebenta-se, produzindo um grande ruido; pois bem, o meu balão, sacco que não era pequeno, fez um barulho assim, mas... em ponto grande. Ficou completamente destruído.

Não se encontrava pedaço maior do que um guardanapo!

Salvei-me por verdadeiro milagre, pois fiquei dependurado por algumas cordas, que faziam parte do balão, em posição incommoda e perigosa, de que me vieram tirar os bombeiros de Paris.

Os amigos e jornalistas me aconselharam a ficar nisso e não continuar em minhas ascensões, da ultima das quais me salvára por verdadeiro milagre. O conselho era bom, mas eu não pude resistir á tentação de continuar; não sabia contrariar o meu temperamento de sportsman.

Convoquei-os para nova experiencia d'ahí a tres semanas. Eu sabia dos elementos com que podia contar; ja conhecia, em Paris, umas vinte casas especialistas, cada qual, de um trabalho, e já tinha conquistado a sympathia dos contra-

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