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Página:O seminarista (1875).djvu/165

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seus compadres para com ela, desde a desagradável ocorrência do mutirão tinha revoltado o seu orgulho, e era com maus olhos que via a interferência, que queriam exercer nos negócios de sua casa.

Margarida, a pobre Margarida, via eclipsar-se para sempre e sem remédio a estrela de suas esperanças no seio de um fúnebre e sinistro negrume, que de mais em mais se condensava sobre sua cabeça. A alegria e o sossego fugiram daquela alma, onde a saudade e o pesar se aninharam para sempre. Ela via que os elementos revoltos só preparavam tempestades no horizonte de sua vida, e conspiravam de modo assustador para desunir dois destinos, que o céu parecia ter criado para se desenvolverem e se extinguirem ao lado um do outro, e não podia encarar sem horror esse futuro, onde a estrela de sua felicidade pálida, e incerta vacilava à borda de um horizonte tenebroso. Tinha crença firme no amor e nas promessas do seu querido; mas não tinha fé no destino, nesse poder implacável, e tirânico, que zomba dos mais firmes protestos e das juras mais leais.

Sofrendo cruelmente, Margarida procurava esconder aos olhos de sua mãe a violência e amargura de seus martírios.