Página:O seminarista (1875).djvu/184

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obsessão. Se não fosse a imprudência, de deixar o seminário, e ir colar-se de novo entre as goelas da serpente que o seduzia, teria evitado esta nova luta, talvez mais renhida e encarniçada que a primeira. Hoje, porém, que já com vinte anos deve ter outra energia e força de vontade, e sabe melhor ponderar as coisas, é que assim desanima como um covarde, e recua espavorido diante do inimigo?

— Mas, senhor padre, eu jurei a Margarida... Perjurar, esquece-la, abandoná-la a seu cruel destino não é uma traição, uma infâmia?

— O juramento inspirado pelas sugestões do demônio não é juramento, filho. Deus não o aceita, nem o confirma no céu. Jurou o nome de Deus em vão; fez mais, profanou como um ímpio o seu santo nome envolvendo-o em atos desregrados de libertinagem. Cometeu um grande pecado, de que cumpre lavar-se com lágrimas sinceras de compunção e arrependimento; mas não é um juramento, nem o constitui em obrigação alguma.

— Não sei, senhor padre, não sei o que lhe possa objetar... mas o coração se revolta, e diz-me a consciência que eu cometeria uma indignidade, um crime mesmo, arrojando em um abismo