Página:O seminarista (1875).djvu/210

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coração. Mande-me chamar o vigário; quero-me confessar.

— Não fales assim, menina!... chamar o vigário para quê?... o que é que estás sofrendo então, minha filha?

— Tenho umas ânsias que me apertam o coração, e quase me sufocam. Ainda agora escapei por pouco de cair em terra.

— Isso são vertigens, menina, não é caso para já pedir confissão; bem mostras que nunca tiveste moléstia nenhuma; por isso te assustas com tão pouco... ah! que diria se sofresses os meus achaques!... eu vou fazer um chá de melindre, que para aflições de coração é um prodígio; verás como hás de te dar bem com ele... sossega; que isso não há de ser nada.

— Não é nada!... eu cá é que sinto, minha tia. Deus a livre de sofrer o que eu sofro... eu não posso durar muitos dias...

— Ora valha-te a Virgem Maria!... que cisma é essa que te entrou pela cabeça, minha filha!... ora vejam, quem fala aqui em morrer! ainda se fosse eu, que já estou com um pé na sepultura... mas tu, menina, criança do outro dia, tão fresquinha e corada como uma maçã madura...

— Que engano!... quer minha tia creia, quer não