— Nada!... nada! - exclamava a outra. - Quem seu inimigo Poupa, nas mãos lhe morre. Sempre é um bicho que Deus excomungou. A comadre deve lembrar-se que foi uma serpente, que tentou Eva.
— Mas uma cobra, que em vez de morder lambe e afaga...
— Também a serpente do paraíso não mordeu Eva; arrastou-se a seu pés e afagou-a para melhor enganá-la.
— Ora, comadre, também a minha Eva ainda está muito pequenina para poder ser tentada pela serpente.
— É que já o bicho maldito a está pondo de olho para mais tarde fazer-lhe mal.
— Qual, comadre!... é porque até as cobras têm respeito à inocência...
— Fie-se nisso!... por sim por não, esta não me há de escapar.
Dizendo isto, a senhora Antunes, com todo o cuidado e precaução sondava com os olhos a moita em que a cobra se tinha sumido. Tendo-a enfim descoberto, encarou-a fixamente, e sem despregar dela os olhos, levou as mãos aos atilhos da cintura da saia, que começou a arrochar cada vez com mais