Página:O seminarista (1875).djvu/224

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Desde o primeiro momento, Eugênio e Margarida se haviam reconhecido, e por alguns instantes se olharam mudos e atônitos sem ousarem proferir palavra.

Margarida estava deslumbrante de formosura. As madeixas opulentas de seus compridos cabelos, rolando-lhe em torno dos ombros em um denso e escuro nevoeiro, davam o mais esplêndido realce ao busto encantador; os grandes olhos negros, cheios de uma luz sombria e melancólica, fixos sobre o padre eram como brandões ardentes e sinistros, que lhe queimavam a alma.

O padre esforçou-se em compor a fisionomia, procurando dar-lhe uma expressão calma e severa. Assentou-se gravemente à beira do leito, e cruzando as mãos sobre o peito:

— Não é a Sra. Margarida, que estou vendo, e com quem estou falando? perguntou com voz surda.

— Bendito seja Deus! exclamou a moça com vivacidade, e levantando as mãos ao céu. - Há quanto tempo não ouço esta voz!... É ela mesmo; é Margarida, senhor padre!...

— E quer se confessar?...

— Sim! sim!... que boa sina o trouxe aqui!... graças a Deus... morro consolada... Eugênio!...