Página:O seminarista (1875).djvu/42

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e se não fora o regente, que postado por detrás dos estudantes passeava sobre eles olhares severos e vigilantes,

Eugênio não resistiria à tentação de olhar para trás algumas vezes, a fim de iludir as saudades de Margarida contemplando uma criatura que com ela se parecesse.

De madrugada aos domingos, Eugênio acordava em sua cama ao som dos hinos sagrados, que o povo assistindo à missa matinal entoava na capela. No meio daquela multidão de vozes de todos os timbres e volumes, que faziam restrugir o santuário e ecoavam por fora em acentos melancólicos e solenes, ele distinguia uma voz argentina, fresca e suave, Margarida lhe acudia ao pensamento. Margarida, quando defronte do pequeno oratório entoava esses cânticos singelos e tocantes, repassados de mística piedade, que ambos sabiam de cor desde a mais tenra infância. Era assim que Margarida cantava! Eugênio abandonava-se a uma espécie de êxtase cheio de voluptuosidade; sua alma subia ao céu nas asas do amor e da devoção, porém envolta em uma sombra de melancolia.

Depois do meio-dia e à tardinha, a sineta do seminário tangia alegre a hora do recreio.

Então, a turba dos seminaristas com suas batinas