Página:O seminarista (1875).djvu/52

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tão cheias de magia, de luz e de harmonia em que os espíritos elevados encontram tão grato abrigo contra a insipidez e as asperezas da vida real.

Virgílio, de um lado, e Ovídio, do outro, deram-lhe as mãos e o introduziram no templo da harmonia.

Era mais um precioso achado para aquela imaginação esta viva e brilhante, para aquele coração tão rico de afetos. Mais uma corda virgem acabava de ser vibrada naquela feliz e delicada organização. À devoção e ao amor vinha juntar-se mais um novo encanto na vida do adolescente; mais um eco acordava melodioso no seio dessa alma tão cheia de harmonias íntimas e misteriosas.

Religião, amor, poesia, eis os elementos, que bastavam para encher aquela existência e torná-la a mais feliz do mundo. Eram como três anjos de asas de azul e ouro, que esvoaçavam de contínuo em torno dessa alma infantil e cândida, e a arrebatavam aos céus em gozos inefáveis.