Página:O sertanejo (Volume I).djvu/139

Wikisource, a biblioteca livre
o sertanejo
135

     A cabra fitou seus olhos de topazio cheios de intelligencia na donzella ; volveu a cabeça para fóra e afastando-se com o mesmo passo cadente foi collocar-se no meio da varanda, voltada para a porta.

     Ahi ficou immovel até que, decorridos instantes, ergueu a pata dianteira e começou com ella a bater o chão, recuando á passo e passo para logo depois avançar e retrahir-se de novo. Afinal caminhou direito á porta.

     Arnaldo pisava a soleira.

     O sertanejo dos dias antecedentes, o filho do deserto, livre e indomito como o cervo das campinas, ficou la fóra. Quem entrou foi um mancebo timido e acanhado no qual todavia a apparencia rustica do trajo e o enleio do gesto não escureciam a nativa belleza do perfil e o molde airoso do talhe.

     O filho e a mãe abraçaram-se estreitamente no meio da varanda, onde se encontraram correndo um ao outro. Depois desse desaffogo das saudades, Justa voltou ao estradinho levando o filho pela mão até o lugar onde ficara D. Flor.

     — Adeus, Arnaldo ! disse a donzella com ingenuo prazer.