estava deitado no catre um homem que pela sua immobilidade parecia dormir. O parecer era de um velho no periodo da decrepitude.
Os cabellos compridos até se mesclarem com a barba, formavam como um capello d'alva que lhe cobria todo o busto. Sob este rebuço das cans, apenas se lhe distinguiam das feições as palpebras, cerradas naquelle momento.
O trajo do ancião compunha-se unicamente de uma tunica estreita de algodão, tinta de preto e cuja teia mal urdida era de grosseiro fio. Os pés tinha-os descalços, e cobertos de poeira e cinza.
Arnaldo aproximou-se do catre e apertou a mão do velho :
— Benvindo, Arnaldo. Já sabia que estavas de volta ; disse o velho sem mover-se.
— Como o soubeste, Jó, se acaba de chegar ?
— Não careço de abrir os olhos para ver-te, filho. Desde esta manhã que eu te sinto chegar ; ouço os teus passos.
— E quando eu chego, não te ergues d'ahi para dar-me um abraço depois de tão longa ausencia ! disse Arnaldo com doce exprobração.
— Tambem já te abracei, filho, quando entraste, e ainda te tenho dentro d'alma.