Quando buscava o pouso, tinha Arnaldo resolvido um encontro para o dia seguinte.
Vieram depois as namoradas recreações da fantasia, que o absorveram todo, e acaletaram-lhe o somno ; mas sob esse devaneio velava o proposito do animo deliberado, como sob a camada de flores viça a rija vergontea do arvoredo.
Dormia, pois, o mancebo com aquelle somno captivo dos homens de vontade, que se governam ainda mesmo quando sopitados no lethargo dos sentidos, tão poderosa é a energia moral nessas organisações.
Arnaldo mais que nenhum homem possuia a admiravel faculdade de reger o somno ; no remanso do corpo o espirito sabia manter de vigia uma percepção intima, que o advertia do menor rumor como da mais leve alteração, em torno de si.