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o sertanejo

     — Pois é como lhe digo, Arnaldo ; deixei d'uma vez o homem, por não poder mais aturá-lo.

     — Que lhe fez o capitão-mór, Aleixo Vargas, que tanto o amofinou ?

     — São contos largos, amigo Arnaldo, que levariam muito tempo, e eu já sinto cá pelo estomago uns repiques de fome que estão chamando ao almoço.

     — Guarde lá seu segredo, Aleixo Vargas ; e que não lhe coma a lingua. Quanto ao almoço descanse. Aqui temos no meu farnel para quebrar o jejum.

     — Sempre o conheci precavido, rapaz. Não é atoa a fama que você tem e que eu bem experimentei, quando cheguei á este excommungado sertão.

     — Não é tanto assim. Alí está você, Aleixo Vargas, que é uma barra. Não foi debalde que lhe puzeram o nome de Moirão.

     — Ah ! isso cá de pulso, não se falla ; que ainda não encontrei homem para mim, nem touro tão pouco. Eu dizia, rapaz, era acerca da ligeireza, que, á ser verdade o que se conta, não há por toda esta ribeira quem lhe deite poeira nos olhos.

     — De que serve a ligeireza, se não é para fugir ?