Na novela ou auto da loura menina, Flor vinha a ser princesa ou rainha, cuja formosura enchia o mundo com sua fama, e cuja mão era pretendida por todos os príncipes cristãos. O mais belo, e também o mais bravo dêsses campeões, era o príncipe por excelência, representado na pessoa do sobrinho do capitão-mór.
Ora, a princesa tinha sua dama, assim como o príncipe devia ter seu pagem. Êsses dois papéis tocavam a ela Alina e a Arnaldo, parecendo-lhe de razão que os criados fiéis se reunissem como acontecia nos romances pelo mesmo sentimento que prendia os amos, de modo, que em vez de um, houvesse dois casamentos. Êste desfecho, porém, a autora não o divulgava, deixando que o fio dos acontecimentos o inspirasse.
Tal era o quadro da novela imaginada por Alina. Teve, porém, de sofrer duas alterações. Flor não admitiu Jaime como pretendente à sua mão e assinou-lhe o papel de príncipe irmão. Quanto a Arnaldo era um pagem sempre ausente, em recados, e que só figurava na imaginação da órfã. O vaqueirinho ignorava completamente o romance de Alina, e vindo a sabê-lo, é de crer que não tolerasse o papel subalterno que lhe