Página:O sertanejo (Volume II).djvu/256

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Quando as mãos de Arnaldo afrouxaram deixando rolar pelo chão o corpo da cigana, ainda esta respirava, embora pouco faltasse para exalar o último alento.

Por algum tempo ficou prostrada e sem acôrdo, como um cadáver; mas aos poucos o ar penetrou nos pulmões, restabeleceu-se a respiração; e ela caíu no torpor de que a veio tirar a dona da casa, assustada com um sono tão prolongado.

Desculpou-se a viúva com uma dôr violenta que a desacordara e nem tempo lhe deixara de meter-se na cama. D. Genoveva imediatamente recorreu aos seus remédios caseiros; mas a doente os dispensou, dizendo estar habituada àquele achaque, o qual lhe passava com um cordial e algumas horas de repouso.

Tomou um chá de língua de vaca, e deitou-se. Não dormiu porém; os pensamentos tumultuavam-lhe.

Pensou que era o momento de jogar a última cartada. Arnaldo, naturalmente receoso do que fizera, talvez se ausentasse da casa nesse dia: era preciso aproveitar o ensêjo.

Mandou chamar o velho que a acompanhara: