ro,
Deixando o potentado, que de novo
Mergulhou-se nas fundas reflexões.
IX
Ao vivo encanto de uma aurora esplêndida
Voltando o rosto a noite despeitada
Cedeu-lhe a criação, e foi ciosa
Esconder-se em seus antros. As florestas
Sacudiam a coma embalsamada,
Onde ao lado da flor o passarinho
Se desfazia em queixas amorosas.
Tudo era belo, radiante e puro,
Palpitante de vida; a natureza
Como noiva feliz, tinha trajado
As mais soberbas galas, e estendia
Os seus lábios de rosa ao rei dos astros,
Que ansioso tremia no oriente
Para libar-lhe seu primeiro beijo.
X
Mas através do manto vaporoso,
Que leve e tênue para o céu se eleva
Nas madrugadas festivais do estio,
Um grupo silencioso caminhava
Pela encosta do monte, conduzindo
Um fardo estranho e dúbio; era uma rede
Nodoada de sangue! um corpo longo,
Rijo, estendido, desenhava as formas
Sobre o sórdido estofo. A madrugada
Que tão linda ostentava-se no espaço,
Tristonha e temerosa, pareci
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Aspeto