ia
Para voltar à casa, um vulto escuro
A passagem cortou-lhe. O moço, rápido,
Volveu um passo atrás, e sossegado
Deu seu primeiro susto, perguntou-lhe:
- Quem és tu? o que queres?
Impassível,
O estrangeiro afastou as largas abas
De seu vasto chapéu.
- Oh! Deus! é Mauro!
Mauro, o que queres? fala!
- Eis o que quero!
O escravo respondeu vergando o moço
Com seus braços de ferro: - eis o que quero!
- Bradou cruento, amiudando os golpes
Terríveis e certeiros sobre o peito
Do mancebo infeliz; - Eis o que quero!
Repetiu arrastando-o sobre um fosso imundo,
Cheio de lama e apodrecidas plantas:
- Eis teu leito de bodas, boa noite!
V
A orquestra prosseguia, ardente, forte,
Seus ruidosos acordes; dos dançantes
Poucos se achavam do salão no meio,
A maior parte conversava aos cantos
Cansada sonolenta. De repente
Uma escrava lançou-se alucinada
Entre os grupos esparsos dos convivas!...
- Venham! bradava, meu senhor ´stá morto,
Meu senhor já morreu!... venham, acudam!
Um raio que tombasse no edifício
Não produziria tanto horror
Página:Obras completas de Fagundes Varela (1920), I.djvu/86
Aspeto