As mais remotas gentes, onde o lume
Da nossa Fé não chega, nem que tenhão
Religião alguma se presume;
Assi todos, emfim, Senhora, venhão
A confessar hum Deos crucificado,
E por nenhum respeito se detenhão.
E d’hum e d’outro o vício ja deixado,
O seu Nome, co’o vosso nesse dia,
Seja por todo o mundo celebrado;
E respóndão os ceos: JESUS, MARIA.
ELEGIA XII. ACROSTICA.
Juizo extremo, horrifico e tremendo,
E Juiz sempiterno, alto e celeste,
Significará a terra, humedecendo.
Ver-se-ha nella hum suor que manifeste
Como em carne vem Deos, para que o veja
Homem toda esta máchina terreste;
Rei justo, que dos corpos e almas seja
Juiz; e quando o mundo cego e inculto
Sôbre espinhos crueis deitado seja,
Todo vão simulacro e gentil culto
Ousará engeitar a gente; e guerra
Fará co’o mar o fogo, e cru tumulto.
Immensa luz, que as carnes desenterra,
Lançará fóra as portas vãas do Averno,
Hum Justo e outro alçando á santa terra.