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ELREI SELEUCO.
COMEDIA.




PROLOGO.




Diz logo o Mordomo, ou Dono da Casa.

Eis, Senhores, o Autor, por me honrar nesta festival noite, me quiz representar huma Farça; e diz, que por não se encontrar com outras ja feitas, buscou huns novos fundamentos para a quem tiver hum juizo assi arrazoado satisfazer. E diz que quem se della não contentar, querendo outros novos acontecimentos, que se vá aos soalheiros dos Escudeiros da Castanheira, ou de Alhos Vedros e Barreiro, ou converse na Rua Nova em casa do Boticario; e não lhe faltará que conte. Porém diz o Autor que usou nesta obra da maneira de Isopete. Ora quanto á obra, se não parecer bem a todos, o Autor diz que entende della menos que todos os que lha puderem emendar. Todavia, isto he para praguentos: aos quaes diz que responde com hum dito de hum Philosopho, que diz: Vós outros estudastes para praguejar, e eu para desprezar praguentos? Eu com tudo quero saber da Farça, em que ponto vai. Lançarote?