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Quem se venceo d’armas tais:
Assi que nisto, e no mais,
Tomo por minha desculpa
Vós mesma que me culpais.
E se este atrevimento
Com tudo for de culpar,
Acabae de me matar;
Que aqui tenho hum soffrimento
Que tudo póde passar.
E se esta penitencia,
Que faço em me perder,
Algum bem vos merecer,
Fique em vossa consciencia
O que me podeis dever.
Que dizeis a isto, Senhora?
DIONYSA.
Eu que vos posso dizer?
Ja não tenho em mi poder,
Segundo me sinto agora,
Para poder responder.
Respondei-lhe, vós Solina,
Pois que a vós me entreguei.
SOLINA.
Bofé não responderei:
Veja ella o que determina.
DIONYSA.
Não o vejo, nem o sei.
SOLINA.
Pois eu tambem não sei nada.
DIONYSA.
Porque?