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A HUMA MULHER, QUE SE CHAMAVA GRACIA DE MORAES.
Mote.


Olhos, em qu’estão mil flores,
E com tanta graça olhais,
Que parece que os Amores
Morão onde vós morais.

Volta.

Vem-se rosas e boninas,
Olhos, nesse vosso ver;
Vem-se mil almas arder
No fogo dessas meninas.
E di-lo-hão minhas dores,
Meus suspiros e meus ais;
E dirão mais, que os amores
Morão onde vós morais.


MOTE.

Quem se confia em huns olhos,
Nas meninas delles vê
Que meninas não tẽe fé.

Voltas.


Quem põe suas confianças
Em meninas sem assento,
Offereça o soffrimento
A duzentas mil mudanças.
Mostrão no ar esperanças;
Mas em seus olhos se vê
Como não tẽe n’alma fé.

Enganão ao parecer,