Vos dá contentamento,
Nunca m'acabe nelle o meu tormento.
Rio formoso e claro,
E vós, ó arvoredos,
Que os justos vencedores coroais,
E ao cultor avaro,
Continuamente ledos,
D'hum tronco só diversos fructos dais;
Assi nunca sintais
Do tempo injúria algũa,
Qu'em vós achem abrigo
As mágoas que aqui digo,
Em quanto der o sol virtude á lũa;
Porque de gente em gente
Saibão que ja não mata a vida ausente.
Canção, neste destêrro viverás,
Voz nua e descoberta,
Até que o tempo em ecco te converta.
CANÇÃO VII.
Manda-me Amor que cante docemente
O qu'elle ja em minh'alma tẽe impresso,
Com presupposto de desabafar-me;
E porque com meu mal seja contente,
Diz que o ser de tão lindos olhos preso,
Cantá-lo bastaria a contentar-me.
Este excellente modo d'enganar-me{
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