Que um Bobo sendo Rei primasse tanto.
Governava tão bem como governam
Os Reis de sangue azul e raça antiga.
Demais gastava pouco e, se não fosse
Seu amor pelas alvas formosuras,
Decerto que na lista dos monarcas
Ele ficava sendo o Rei-Sovina.
Enfim, era um monarca de mão cheia.
Tinha só um defeito — vendo sangue
Tinha frio no ventre e desmaiava
Ao luzir de uma espada... Era nervoso!
Ninguém falava nisso. Até a giba,
A figura de anão, a pele escura,
Aquela boca negra escancarada
(E que nem dentes amarelos tinha
Pra ser de Adamastor), as gâmbias finas,
Eram tipo dos quadros dos pintores.
Se pintavam Adônis ou Cupido
Copiavam o Rei em corpo inteiro!
E o oiro das moedas, que trazia
A ventosa bochecha, os beiços grossos,
O porcino perfil e a cabeleira...
Era beijado com fervor e culto.
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