Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v1.djvu/347

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E os túmulos destampa?
Quem, quando dorme ou vela, ou quando sonha,
Ouviu revelações no horrendo grito
A rebentar da campa?

E quem sabe? é a dúvida terrível:
É a larva que aos lábios nos aperta,
Entreabrindo o sudário!
A realidade é um pesadelo incrível!
Semelha um sonho a lápida deserta
E o leito mortuário!

E quando acordarão os que dormitam?
Quando estas cinzas se erguerão, tremendo,
Em nuvens se expandindo?
Perguntai-os aos ciprestes que se agitam,
Ao vento pela treva se escondendo,
Nas ruínas bramindo!

E contudo parece um desvairo,
Blasfêmia atroz o cântico atrevido
Que rugem osçateus;
Sem a sombra de Deus é tão vazio
O mundo - cemitério envilecido!...
Oh! creiamos em Deus!