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Meu Luiz.

S. Paulo, 27 de Agosto.

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Eu tinha agora parado de escrever-te, e recordei-me de um madrigal do Dr. Queiroga, [1] que é um primorzinho de bonito e terno; e veio-me ao pensamento fazer uns versos. Não sei se elles sâo imitação, pois não ha nada n’elles do Queiroga — são inspiração delles. Lá vão os do Queiroga, depois escreverei os meus:


Furtivo beijo timido da virgem
    Co’a mente erma de amores,
O brilhante matiz que a borboleta
Deixa nas azas ver por entre as flores,
O mystico clarão frouxo da estrella
    Que no céo se esvaece,
O hynmo melancolico da pomba
    Que os bosques enternece,
E da quebrada vaga os sons pausados
    Nos rochedos magoados,
E de lyra romantica e divina,
Os mais aereos sons, são menos doces
    Que o nome de Ocarlina.


Agora, pedindo perdão ao Sr. Queiroga da approximação, lá vâo os meus:


A rosa da manhã cedinho aberta,
A estrella se apagando em céos d’aurora,


  1. Autoria definida com auxílio de MIRANDA, José Américo. O poema “Sinhá”, de Machado de Assis. Navegações: revista de cultura e literaturas de língua portuguesa, Porto Alegre, v. 6, n. 1, p.8-15, jan. 2013. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/navegacoes/article/view/14657>. Acesso em: 07 nov. 2015. [Nota dos editores no Wikisource]