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Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v2.djvu/189

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Conheceis aquelle homem?

É um typo poético como Byron, cynico c devasso eomo D. Cesar dc Basan, sombrio como o Dante, amoroso como Ovidio, insano como Werner!

É o rei da litteratura Portugueza dc então — Manoel Maria Barbosa du Bocage.

BOCAGE


I


O seculo XVIII agonisava livido nas suas extremas saturnaes, o o seculo XIX despontava, entre as desesperanças materialistas da philosophia Franceza daquella época, como a definio Lamartine, toda inathematica, e o idealismo de Kant e Fichte, entre Yoltaire que se gelava frio de morte — inda nos labios o amarello sorrir do incrédulo, Byron o poeta rei que adormecia nas orgias febris, nos sonhos tenebrosos do Corsário e Lara, como Spinello o pintor, delirante dc suas visões sublimes. E em meio daquella grande levadia da maré das civilisações curopéas, quando todo aquelle mundo de além-mar, no dizer Biblico, vacillava como um ebrio, Zaccharias Werner nas noites de perdição se estendia pelo chão das tavernas da velha Allemanda, e profanava na embriaguez a sua larga