Saltar para o conteúdo

Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v2.djvu/193

Wikisource, a biblioteca livre

terlinas o verso, vai a soberba dynastica, o orgulho ferido daquelle espirito que soffrcra — e muito — e ia afogar-se no vapor dos vinhos Hcspanhócs para esquecer! Não o amaldiçoem! esquecer! eis o somno de Byron.

Bocage como Werner era levado por um organismo excita! o ás impressões vivas. Sua alma leprada de materialismo, matizada ainda de frescuras de poesia — na lueta do corpo e da alma, da civa da materialidade e da seiba dc vida do espirito — precisava de um pousio ás agitações que a enfcbrccião. A Byron erão dôres do passado que pedião o vinho real do Rheno e o gin, como o doente pede opio. A Bocage era por ventura a turvação daquelle espirito, o atropellado daquellas veias que lhe passavão pesadas no craneo, era sobretudo a sensualidade que tendia a adormecer a alma.

De Werner a Manoel Maria vai menos : o adormido de embriaguez em sonhos negros debaixo das mesas carunchosas da estalagem allemãa, e 'esse louro Portuguez estatelado á modorra na taverna, á luz fumacenta c amortecida da candéa, parecem-se muito. São duas feições louras, com olhos corados do azul dos ccos do Norte : ambos escurecidos do vaporar de suas tripodes pytlionicas : ambos razões debeis, arrebatados como a Lenora a galope. A differença de um a outro desses ébrios, é que no sen oscillar entre o mysticismo allemão, o scepticismo e o fanatismo, as ideas de Merner não se assemelhavão, senão na incerteza, á philosophia titubeante nas tenebras do