Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v2.djvu/263

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Satan: Que sofreguidão! não contava com o anjo da guarda da moça. Fez umas cócegas na criancice da virgem, e lá se vai ela toda chorosa levar a carta à irmã O tal anjo que sabia orelhar a sua sota bifou-me o jogo; velhaqueou com o velhaco, surripiou os dados, e numa risada inocente chuleou-me a parada.

Macário: Pobre moça!

Satan: E o rapaz que perdeu as suas ilusões . Mas quero desforra.

Macário: Desforra? tomas duas vezes.

Satan: É doloroso. Mas o mundo é do diabo, assim como o céu dos tolos. Falam de convento. Querem cortar os cabelos negros da moça e cosê-la na mortalha da freira. Ora pois, se consigo ao mesmo tempo virar a cabeça da moça e da freira, mandar o anjo limpar a mão à parede, as Santas que lhe peguem com um trapo quente. Demais a partida começou.

Macário: E ela quer?

Satan: Isso de mulheres, nem eu, que sou o Diabo, as entendo.