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Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v2.djvu/327

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O valente do combate desfalecia — caiu: pus-lhe o pé na garganta — sufoquei-o — e expirou...

Não cubrais o rosto com as mãos — faríeis mesmo... Aquele cadáver foi nosso alimento dois dias...

Depois, as aves do mar já baixavam para partilhar minha presa; e as minhas noites fastientas uma sombra vinha reclamar sua ração de carne humana...

Lancei os restos ao mar...

Eu e a mulher do comandante passamos — um dia, dois — sem comer nem beber...

Então ela propôs-me morrer comigo. — Eu disse-lhe que sim. Esse dia foi a ultima agonia do amor que nos queimava: gastamo-lo em convulsões para sentir ainda o mel fresco da voluptuosidade banhar-nos os lábios... Era o gozo febril que podem ter duas criaturas em delírio de morte. Quando soltei-me dos braços dela a fraqueza a fazia desvairar. O delírio tornava-se mais longo, mais longo: debruçava-se nas ondas e bebia a água salgada, e oferecia-m'a nas mãos pálidas, dizendo que era vinho. As gargalhadas frias vinham mais de entuviada

Estava louca.

Não dormi - não podia dormir: uma modorra ardente me fervia as pálpebras: o hálito de meu peito parecia fogo: meus lábios secos e estalados apenas se orvalham de sangue.

Tinha febre no cérebro — e meu estômago tinha fome. Tinha fome como a fera.

Apertei-a nos meus braços, oprimi-lhe nos beiços a