Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v2.djvu/366

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e pois requeria-se um grande sangue frio, e muito esmero no jogar.

Soltei a bola. Nessa ocasião o bilhar estremeceu... O moço loiro, voluntariamente ou não, se encostara ao bilhar... A bola desviou-se, mudou de rumo: com o desvio dela perdi... A raiva levou-me de vencida. Adiantei-me para ele. A meu olhar ardente o mancebo sacudiu os cabelos loiros e sorriu como de escárnio.

Era demais! Caminhei para ele: ressoou uma bofetada. O moço convulso caminhou para mim com um punhal, mas nossos amigos nos sustiveram.

— Isso é briga de marujo. O duelo, eis a luta dos homens de brio.

O moço rasgou nos dentes uma luva e atirou-ma a cara. Era insulto por insulto; lodo por lodo: tinha de ser sangue por sangue.

Meia hora depois tomei-lhe a mão com sangue frio e disse-lhe no ouvido:

— Vossas armas, senhor?

— Saber-las-eis no lugar.

— Vossas testemunhas?

— A noite e minhas armas.

— A hora?

— Já.

— O lugar?

— Vireis comigo... Onde pararmos aí será o lugar...

— Bem, muito bem: estou pronto, vamos.

Dei-lhe o braço e saímos. Ao ver-nos tão frios a conversar creram