Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v3.djvu/16

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tanto afã, tanto lidar de noite e dia alquebrava-lhe o corpo delicado, e o jovem arbusto pendia a haste para a terra, ao sopro violento do furacão. Muita vez ao trabalho fatigante de um dia e dois e três, sem trégua, sem interrupção, vinha-lhe a prostração e o desalento ; — e a palidez das faces e o bater fraco e sumido do pulso indicavam o abatimento e a diminuição das forças.

E demais á prostração do corpo vinha- juntar-se o desalento d'alma. O coração tem pressentimentos, cuja origem ignoramos, mas que nem por isto deixam de ser infalíveis — como as sentenças lavradas no livro misterioso do destino. Perseguia incessante ao jovem poeta — a idéia de que cedo, muito cedo seria arrancado da terra que pisava, indo dormir no silencio lúgubre da campa o sono de finados. E tão jovem morrer!... Morrer deixando lagrimas á sua pobre mãe, que amava-o tão de dentro d'alma; a seu pai, a seus irmãos, que lhe admiravam o gênio e se orgulhavam dele!

E perseguia-o essa idéia dia e noite, no silencio do gabinete, á sós com suas reflexões, e no ruído das festas, na vertigem da valsa.

E de sua alma que assim padecia, e d'esse desalento terrível da vida, que lhe comprimia o peito, tirava essas notas