Página:Obras poeticas de Claudio Manoel da Costa (Glauceste Saturnio) - Tomo II.djvu/184

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Com zelo liberal, rara grandeza;
Mas porque exausta a terra então se achava,
E convinha o socorro ir com presteza,
Mandou-lhe só cem negros carregados
À custa de seus bens, e seus cuidados.

Depois de passados alguns anos, tempo em que já estava no Trono o Senhor D. Pedro ii, sabendo Fernão Dias que com a morte de Agostinho Barbalho não tiveram efeito as ordens que trouxera, se quis encarregar voluntariamente da execução delas, escrevendo primeiro a Afonso Furtado de Mendonça, Governador que era então daqueles Estados, e tinha a sua residência na Bahia, oferecendo-se-lhe para este fim com a sua pessoa, e com todos os seus bens: mandou-lhe Afonso Furtado uma patente de primeiro Chefe daquela empresa aos 3o de abril de 1672. Nos princípios do ano de 1673 se pôs Fernão Dias em marcha com vários parentes e amigos seus, demandando a altura em que Marcos de Azeredo fazia certo o descobrimento das esmeraldas, em cuja diligência sofreu trabalhos infinitos, como testifica o seu panagerista na oitava 35.

Parte enfim para os serros pertendidos,
Deixando a Pátria transformada em fontes,
Por termos nunca usados, nem sabidos,
Cortando matos, e arrasando montes;
Os rios vadeando mais temidos
Em jangadas, canoas, balsas, pontes,
Sofrendo calmas, padecendo frios
Por montes, campos, serras, vales, rios.

Desta sorte chegou à paragem chamada pelos naturais