Ha mil annos, e mais, que aqui estou morto,
Posto sobre um rochedo, á chuva e ao vento:
Não ha como eu espectro macilento,
Nem mais disforme que eu nenhum aborto…
Só o espirito vive: vela absorto
N'um fixo, inexoravel pensamento:
«Morto, enterrado em vida!» o meu tormento
É isto só… do resto não me importo…
Que vivi sei-o eu bem… mas foi um dia,
Um dia só—no outro, a Idolatria
Deu-me um altar e um culto… ai! adoraram-me.
Como se eu fosse alguem! como se a Vida
Podesse ser alguem!—logo em seguida
Disseram que era um Deus… e amortalharam-me!
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