Odes Modernas | 23 |
Rasga d'entre os tormentos a esperança...
Dos corações partidos nasce um lirio...
O victoria do Amor, da coiifiança,
Sobre a Dôr, que se estorce em seu delirio!...
A mente do homem, essa, nio se cança...
Sob o açoute, no circo, no martyrio...
E escravo, sem pão, lar nem cidade,
Crê... sonha um culto, um Deus — a Liberdade!
Flôr com sangue regada... e linda e pura!
Olho de cego... que adivinha a aurora!
Oh! mysterio do amor! que á formosura
Exceda muito o feio... quando chora!
Vede, ó astros do céo, o que a tortura
Espreme da alma triste, em cada hora...
O Ideal — que em peito escuro medra,
Bem como a flôr do musgo sobre a pedra!
Por que se soffre é que se espera... e tanto
Que as dôres são os nossos diademas.
O olhar do homem que supplica é santo
Mais que os lumes do céo, divinas gemmas.
Desgraças o que são? o que é o pranto?
Se a flor da Fé nas solidões extremas
Brotar, e a crença bafejar a vida...
É nossa, é nossa a Terra-promettida!