No dia seguinte pela manhã, D. Luiz mandou pedir á baroneza authorisação para fazer-lhe uma visita, reclamada por motivos urgentes.
Gabriella respondeu que o ficava aguardando com impaciencia.
E não foi por mero comprimento que o disse; os negocios d'aquella familia achavam-se em um estado tal, que era de esperar de momento para momento uma crise importante, e o menor successo podia provocal-a.
Gabriella sabia-o e aguardava-a.
Meia hora depois entrou D. Luiz sombrio e grave no gabinete da sobrinha.
Esta acolheu-o com a maior deferencia, procurando lêr-lhe no semblante o pensamento que o trouxera alli, mas empregando no exame toda a dissimulação.
— Para que se incommodou, tio Luiz? Se quizesse ter a bondade de esperar eu iria receber as suas ordens.
— Ergui-me cedo. E ergui-me sem ter dormido. Por isso fui tão matinal.
— Meu Deus! achou-se então incommodado?
— De espirito, muito; muito.
E D. Luiz passou a mão pela fronte, suspirando.
— E posso proporcionar-lhe algum allivio, meu tio? — perguntou Gabriella, conduzindo-o para um sofá, onde se sentou ao lado d'elle, olhando-o com ar de interrogação e de interesse.
— Gabriella, a sorte de minha familia está jogada.