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Página:Os Maias - Volume 1.djvu/123

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OS MAIAS
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Então Carlos desprendeu-se devagar do abraço do avô, e muito sério, com os olhos n’elle:

— ­Ó vovô! porque não lhe mandas fazer uma capellinha bonita, toda de pedra, com uma figura, como tem o papá?

O velho achegou-o ao peito, beijou-o, commovido:

— ­Tens razão, filho. Tens mais coração que eu!

Assim o bom Villaça teve no cemiterio dos Prazeres o seu jazigo — ­que fôra a alta ambição da sua existência modesta.


Outros annos tranquillos passaram sobre Santa Olavia.

Depois uma manhã de julho, em Coimbra, Manuel Villaça (agora administrador da casa) trepava as escadas do Hotel Mondego, onde Affonso se hospedára com o neto, e entrava-lhe pela sala, vermelho, suando, berrando:

— ­Neminè! Neminè!

Fizera Carlos o seu primeiro exame! E que exame! Teixeira que tinha acompanhado os senhores de Santa Olavia correu á porta, abraçou-se quasi chorando no menino, agora mais alto que elle, e muito formoso na sua batina nova.

Em cima no quarto, Manuel Villaça, soprando ainda, limpando as bagas de suor, exclamava:

— ­Ficou tudo espantado, snr. Affonso da Maia!