— Isso é sublime!
— O avô convida-o a jantar... E como o homem é muito fino, um gentleman, enthusiasta da Inglaterra, grande entendedor de vinhos, uma auctoridade no wisth, o avô adopta-o. Não sae do Ramalhete.
— E de rapazes?
De rapazes, apparecia Taveira, sempre muito correcto, empregado agora no Tribunal de Contas: um Cruges, que o Ega não conhecia, um diabo adoidado, maestro, pianista, com uma pontinha de genio; o marquez de Souzellas...
— Não ha mulheres?
— Não ha quem as receba. É um covil de solteirões. A viscondessa, coitada...
— Bem sei. Um apopleté...
— Sim, uma hemorragia cerebral. Ah, temos tambem o Silveirinha, chegou-nos ultimamente o Silveirinha...
— O de Resende, o cretino?
— O cretino. Enviuvou, vem da Madeira, ainda um bocado thisico, todo carregado de luto... Um funebre.
O Ega, repoltreado, com aquelle ar de tranquilla e solida felicidade que Carlos já notara, disse puchando lentamente os punhos:
— É necessario reorganisar essa vida. Precisamos arranjar um cenaculo, uma bohemiasinha dourada, umas soirées de inverno, com arte, com litteratura... Tu conheces o Craft?
— Sim, creio que tenho ouvido fallar...
Ega teve um grande gesto. Era indispensavel conhecer o Craft!