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OS MAIAS

de S.t Emilion, a que aspirava o bouquet, fallavam tambem de Gambetta. O marquez gostava de Gambetta: fôra o unico que durante a guerra mostrara ventas de homem; lá que tivesse «comido» ou que «quizesse comer» como diziam, — ­não sabia nem lhe importava. Mas era teso! E o sr. Grevy tambem lhe parecia um cidadão serio, optimo para chefe do Estado...

— ­Homem de sala? perguntou languidamente o velho leão.

O marquez só o vira na Assembléa, presidindo e muito digno...

D. Diogo murmurou, com um melancolico desdem na voz, no gesto, no olhar:

— ­O que eu queria a toda essa canalha era a saude, marquez!

O marquez consolou-o, galhofeiro e amavel. Toda essa gente, parecendo forte por se occupar de cousas fortes, no fundo tinha asthma, tinha pedra, tinha gota... E o Dioguinho era um Hercules...

— ­Um Hercules! O que é, é que você apaparica-se muito... A doença é um mau habito em que a gente se põe. É necessario reagir... Você devia fazer gymnastica, e muita agua fria por essa espinha. Você, na realidade, é de ferro!

— ­Enferrujadote, enferrujadote... — ­replicou o outro, sorrindo e desvanecido.

— ­Qual enferrujadote! Se eu fosse cavallo ou mulher, antes o queria a você que a esses badamecos que por ahi andam meio podres... Já não ha homens da sua tempera, Dioguinho!